quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Homogeneidade de timbre ao se mudar de registro

QUESTÃO
Se eu quero homogeneidade em todas as oitavas, o diâmetro da minha embocadura deve ser o mesmo, mudando apenas o ângulo?

RESPOSTA

O timbre na flauta resulta principalmente dos seguintes fatores:
- quantidade e velocidade do ar (coluna de ar)
- altura (h), largura e forma da embocadura
- distância (e ângulo) do bocal (w)
- tamanho do tubo
- ressonâncias corporais do flautista (“abertura” da garganta, forma da cavidade bucal, ativação, dos ressonadores faciais, etc - leia a postagem anterior sobre as vogais na flauta)
- tipo de material e da construção do instrumento

Para mudarmos de registro podemos variar o seguinte:
- quantidade e velocidade do ar
- altura, largura e forma da embocadura
- distância (e ângulo) do bocal
- tamanho do tubo
Ou seja, estes fatores estão constantemente se relacionando entre si, e cada um tem efeito sobre os outros.

Pelo menos teoricamente, um timbre homogêneo em todos os registros seria alcançado com uma coluna de ar constante, assim como altura, largura e forma da embocadura também constantes. Somente se varia a distância (ângulo) do bocal. Contudo, é impossível não mudar a forma da embocadura quando mudamos o ângulo (w). O ideal é tentar manter – na medida do possível – uma forma similar entre os registros (mantendo o mesmo h). Mas lembro também que os tubos mudam de tamanho (mesmo dentro de um único registro), e acabamos tendo que “compensar” estas diferenças seja com as ressonâncias corporais, seja com a coluna de ar, seja variando w ou h, seja variando o tamanho do tubo (dedilhados alternativos, por exemplo), ...

Não existe, portanto, uma “fórmula mágica” para a manutenção do timbre em situações de mudança de registro (ou de tamanhos de tubo, ou de colunas de ar variando, etc.). A solução está em se ouvir muito cuidadosamente, e tentar (variando o que puder) manter o timbre homogêneo. Quanto mais variáveis o flautista conseguir controlar, mais opções estarão à sua disposição.

O que exatamente se deve variar depende muito de cada situação. Às vezes devemos buscar compensar tubos muitos “estridentes” com ressonâncias corporais (“vogais)” mais escuras; outras vezes o que vai ser variado é a relação entre a coluna de ar, h e w; e assim por diante. Cada um vai encontrar a solução que melhor funcione para si próprio, a depender do que consiga, goste ou tenha mais facilidade em fazer. Tudo depende da situação musical específica, de muita experimentação e – principalmente – de muita percepção, sensibilidade e imaginação.

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